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Os óleos lubrificantes já vem com aditivos próprios

Dicas sobre troca de óleo de motor para nunca mais ter prejuízo ou cair em golpes

Saiba o que funciona, o que fazer, quais mitos você deve evitar e até como saber se o lubrificante do seu carro não está bomO óleo está para o carro assim como o sangue está para o corpo. Essa analogia não é nossa. Ela é feita por José Tyndall, engenheiro mecânico da Petronas, que acumula mais de 30 anos de experiência com lubrificantes automotivos e manutenção de veículos.

Como o corpo humano, o veículo precisa de bons nutrientes para manter seu funcionamento e durabilidade. Gordura no sangue causa colesterol. Da mesma forma, um lubrificante inadequado também poderá prejudicar o seu carro no curto ou longo prazo. O uso de fluidos errados pode até mesmo provocar corrosão.

Você não precisa ser especialista no assunto, nem fazer cursos inteiros. Se souber isso aqui, já estará bem protegido:

Qual a diferença entre óleo mineral e sintético? Posso usar qualquer um?

Os óleos lubrificantes já vem com aditivos próprios

Confundir óleo mineral e sintético é um erro grave que pode comprometer o motor do carro, segundo José Tyndall. O lubrificante mineral é menos refinado e tem mais impurezas em sua composição. Como os motores mais antigos (carburados, por exemplo) precisam de um nível de viscosidade alto, este tipo de óleo é ideal.

Um óleo com graduação 20W50, por exemplo, provavelmente só será encontrado na composição mineral.

Os lubrificantes semissintéticos e sintéticos são mais refinados, percorrem o motor inteiro com agilidade e respondem melhor a condições severas de uso. Este tipo de óleo melhora o consumo de combustível, reduz emissões de gases tóxicos, forma menos borra pela oxidação mais branda e tem maior durabilidade na comparação com o mineral.

“De 1996 para cá, as fabricantes passaram a recomendar o óleo sintético. Se você tiver um carro antigo, pode continuar usando o mineral, se essa for a recomendação. O óleo mineral não deve ser usado em nenhuma circunstância se a fabricante recomendar o sintético”, afirma.

Para donos de carros antigos (da metade dos anos 90 para trás), Tyndall também não recomenda o uso do óleo sintético. “Em time que está ganhando não se mexe. É melhor usar o mineral, pois motores antigos trabalham com viscosidades mais elevadas”, diz o engenheiro.

Devo substituir o filtro sempre que trocar o óleo?

Essa é uma das principais dúvidas sobre lubrificantes automotivos, e também pode ser um dos momentos em que o barato vai sair caro. “Sempre que trocamos o óleo, um pouco do resíduo do lubrificante antigo fica no filtro”, esclarece Tyndall. “Este óleo está contaminado. Na hora que o motorista der a partida, ele será sugado e passará por todo o motor, contaminando o lubrificante novo”.

A função do filtro é reter impurezas e manter o óleo sempre limpo. Sua troca é essencial e não deve ser postergada, mesmo se o mecânico avaliar que o componente aguenta mais alguns quilômetros. “É uma economia porca, pois você economiza no filtro e compromete o motor. Portanto, sempre que trocar o óleo, troque o filtro”, alerta o especialista.

Posso misturar óleos de viscosidades diferentes?

“Jamais. Isso é um crime”, alerta o engenheiro da Petronas. “Misturando óleos de viscosidades diferentes, o motorista estará fugindo totalmente de suas especificações. O lubrificante é desenvolvido para atender critérios de desempenho e durabilidade – então misturar não faz sentido. A mistura de aditivos diferentes também pode aumentar a formação de borra e comprometer o motor do carro”.

Óleos mais finos são ruins para motores muito rodados?

O engenheiro da Petronas afirma que a tendência é que os lubrificantes fiquem ainda mais finos e puros com o passar do tempo, mas ressalta que o proprietário deve sempre seguir o que é recomendado pela fabricante, de acordo com modelo e ano de fabricação.

“Os motores modernos têm menos folgas nos pistões e nos anéis de segmento. Essa evolução pede óleos cada vez mais finos para lubrificação. Isso garante maior durabilidade do óleo, menos emissão de enxofre na atmosfera e economia de combustível”, afirma.

Ou seja, mesmo se o carro tiver bastante quilometragem acumulada, continue com o que estiver descrito no manual.

Moro em um lugar muito frio. É verdade que nem todo óleo é adequado nessa condição?

Algumas regiões do Brasil são tão frias que chegam a registrar neve nos invernos mais rigorosos. José Tyndall diz que o proprietário deve ficar atento a dois tipos de óleo: monograde e multigrade.

Os óleos multigrades são identificados pela letra “W” no nome do produto (por exemplo, 15W40). “Essa letra é uma sigla para winter, que quer dizer inverno em inglês. Ela aponta que o óleo é adequado para trabalhar tanto em temperaturas mais elevadas quanto mais amenas.”, diz o engenheiro.

Em bom português, o multigrade pode ser traduzido por óleo multiviscoso. Ou monoviscoso, no caso do fluído já em desuso no segmento.

“Isso é pensado desde o princípio pelas montadoras. Um carro que roda no Brasil precisa rodar no Canadá. Por isso, a maioria dos óleos que temos disponíveis nas lojas são do tipo multigrade”, completa.

Em uma consulta feita por Autoesporte, nem encontramos nas principais lojas do segmento o óleo monograde. Essa especificação também não é descrita nos manuais de carros de passeio. Ou seja, essa é uma preocupação que você não precisa ter: use óleos multiviscosos.

Rodo bastante na estrada. Posso postergar a troca do óleo em vez de respeitar os tradicionais 5.000 ou 10.000 km?

Alguns motoristas postergam a troca do óleo por dirigirem bastante em estradas, mas Tyndall diz que essa prática pode ser prejudicial. “É igual ao sangue. Só é possível saber se o paciente tem colesterol se uma clínica fizer uma análise. Logo, só dá para estender o prazo de validade do óleo se o proprietário fizer uma análise em uma oficina”, diz.

Só uma verificação do fluido, realizada com maquinário específico, poderia atestar a qualidade do lubrificante. Porém, isso acaba sendo inviável por conta do custo. Acaba sendo mais barato efetuar a troca.

Segundo o especialista, mesmo motoristas que dirigem longas distâncias em estradas devem seguir a instrução do manual do fabricante. “Seu carro foi testado em várias condições para aquela recomendação aparecer no manual. A fabricante é sempre soberana”, ressalta.

Posso apenas completar o óleo conforme vai baixando, em vez de substituir tudo?

“A vareta de marcação do óleo que fica no motor do carro tem dois limites: o mínimo e o máximo. Os fabricantes recomendam que a marca do lubrificante fique um pouco acima do meio, na faixa dos três quartos. Se descer um pouco, você pode completar”, diz o engenheiro.

Porém, ainda que complete o nível, o responsável pela manutenção precisa respeitar a data e a quilometragem em que o óleo foi substituído. Ou seja, nada de considerar os prazos desse ajuste. É necessário fazer a troca total dentro do período recomendado.

Em tempo, vale dizer que não é normal que o óleo baixe tanto. Existe uma tolerância de consumo de lubrificante dentro de uma certa quilometragem, mas isso precisa ser analisado conforme o modelo. Alguns fabricantes falam em até um litro a cada 1.000 km. No entanto, esse é um consumo inaceitável, em nossa visão.

Dirijo apenas na cidade, com trânsito e baixas velocidades. Devo antecipar a troca?

O especialista diz que o uso na cidade é mais severo para o carro. “É o que chamamos de stop and go, pois o motorista arranca e para o tempo todo. Isso gera uma sobrecarga no motor, que é exigido o tempo inteiro”.

O motor de um carro predominantemente rodoviário trabalha em temperaturas mais baixas. O vento entra pela grade frontal para refrigerar o motor, que também está fazendo menos esforço para mover o veículo. Um carro urbano trabalha em temperaturas mais altas pela constante elevação do giro.

Vários manuais citam uma condição conhecida por “ciclo severo”. Essa é uma situação em que o veículo funciona em condição crítica, com motor quente, baixas velocidades e pouco ar de impacto.

Também entram nessa condição os carros que circulam por estradas de terra ou com o ar muito empoeirado. Automóveis que rodam frio (com o motor fora da temperatura ideal de trabalho), sempre em curtas distâncias, precisam ter a manutenção antecipada.

Não existe um cálculo ou tabela que cite a antecipação de troca. Um óleo sintético “de 10.000 km” usado em condição severa precisa ser substituído antecipadamente, mas não há literatura dizendo o quanto.

Abastecer com combustível inadequado interfere na durabilidade do óleo?

Segundo Tyndall, não adianta ter o motor mais tecnológico do mundo ou o melhor lubrificante do mundo se o combustível não for apropriado. “É como aplicar colesterol diretamente na veia, pois o motor vai pagar o preço”, afirma.

“Quando o combustível não é queimado na câmara interna, ele começa a oxidar e engrossar o óleo, formando uma borra que vai afetar o comportamento do motor”, diz o engenheiro. “Infelizmente, é difícil de fiscalizar a qualidade do postos de gasolina”.

No entanto, sim, combustível de má qualidade irá contaminar o óleo.

O tipo de óleo interfere no consumo de combustível?

Há uma relação direta do tipo de óleo com o consumo de combustível, segundo o especialista.

“Substituir um lubrificante com viscosidade 15W40 por um 5W30 pode melhorar a eficiência do veículo em até 2%. É claro que o 5W30 é mais caro, mas a economia de combustível pode compensar no longo prazo”, diz o engenheiro. Vale lembrar que a substituição do óleo 15W40 pelo 5W30 só deve ser feita se o manual do proprietário autorizar.

Posso escolher o óleo de acordo com o uso do meu carro? (muito trânsito, só estrada, percursos curtos em baixa velocidade…)

Antes de um carro chegar às lojas, ele é testado por anos em condições extremas. As montadoras levam unidades para o interior do Piauí (onde a temperatura média é de 34,5ºC) e para a região serrana de Santa Catarina (com registros de -11,6 °C).

O carro também é testado no trânsito intenso, na rodovia, rodando poucos quilômetros ou cruzando vários estados de uma vez só.

“Por isso digo que a montadora é soberana. Não há como escolher um óleo de acordo com o seu uso, pois o lubrificante indicado pela fabricante já cumpre bem este requisito”, diz o especialista.

Independentemente de você ser um motorista de aplicativo que roda 3.000 km por mês ou um motorista casual que mal tira o mesmo carro da garagem, o óleo será exatamente o mesmo.

Devo colocar aditivo no óleo?

“Nenhum manual do proprietário pede que o motorista coloque aditivo no óleo, pois ele já está na composição do produto”, alerta Tyndall. “Colocar aditivo pode comprometer o equilíbrio químico do óleo e causar problemas no futuro”.

“O óleo foi testado por anos para garantir o melhor funcionamento do motor. Esse negócio de que o aditivo melhora o consumo de combustível é fake”, afirma.

Como identificar que o óleo precisa ser trocado?

Segundo o especialista, para ter certeza de que o óleo precisa ser trocado, é necessário fazer uma análise em uma oficina. Entretanto, o carro dá alguns sinais de que não está funcionando de forma adequada.

“Fumaça no escape, perda de potência e elevação do consumo são sinais de que o óleo não está apropriado”, diz Tyndall. “Quando isso acontece, o desgaste do motor será mais intenso. Logo, o ideal é parar o carro em uma oficina e entender o que há de errado”.

Além das considerações técnicas do especialista, há dois parâmetros básicos para ficar atento. A quilometragem percorrida desde a última troca e o prazo em que essa manutenção foi feita.

As trocas devem ser realizadas também por tempo, não apenas por rodagem. Um carro que ficou parado por um ano ou mais também precisam de substituição do lubrificante. Incluindo o filtro.

Fonte: https://autoesporte.globo.com/

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